domingo, 1 de março de 2009

Mosteiro de St.º Estevão
Portugal é um país de História e de «estórias». Mas alguma da sua História fica esquecida no tempo, perdida nas memórias e nas lendas. O Mosteiro de Santo Estevão de Vilela é um monumento milenar, património nacional, que tem sido esquecido.

D. Henrique terá concedido terras a D. Paio Guterres na região onde é actualmente o concelho de Paredes. D. Paio terá sido o fundador deste mosteiro que remonta aos primórdios do condado portucalense. Não é conhecida a data exacta da sua fundação, mas terá sido por volta do ano 1000, uma vez que existe notação do mosteiro desde 1030. Era habitado por Cónegos Regrantes desde 1118 e acarinhado com diversas doações, de destaque uma da Rainha D. Teresa, que em 1128 coutou o mosteiro e lhe fez uma avultada doação. No final do século XVI uniu-se à Congregação de Santa Cruz de Coimbra, e em 1612 ao Convento da Serra do Pilar. O mosteiro terá atravessado diversas crises, mas foi ultrapassando as dificuldades até à primeira metade do século XIX, época em que a ordem religiosa aí existente foi extinta.
O monumento é uma mescla de estilos arquitectónicos, que espelham as modificações que o mosteiro foi sofrendo ao longo da História. É constituído por uma Igreja e pela casa do mosteiro. A Igreja data de 1783. É um edifício inspirado na arquitectura da Igreja de Moreira da Maia. Terá existido, no lugar desta Igreja, uma outra de estilo românico, segundo Pedro Ferraz, habitante da região. Na realidade, por trás da Igreja há uma parede esculpida que terá sido construída com as pedras dessa Igreja românica, e, num campo atrás da casa do mosteiro, há uma pedra que terá pertencido a um antigo cruzeiro.
As poucas informações obtidas acerca do mosteiro e da sua arquitectura, devem-se, em parte, a documentos escritos, uma vez que é impossível visitar o mosteiro (ainda que seja com intuito jornalístico). A casa do mosteiro pertence a privados, a brasileiros que a utilizam como casa de férias e que não autorizam que ninguém entre na sua propriedade. Enquanto que a Igreja, que é Igreja matriz de Vilela, se encontra restaurada e em bom estado, a casa do mosteiro, muito mais antiga e com maior valor histórico, encontra-se em elevado estado de degradação. Se nada for feito urgentemente por este mosteiro uma parte significativa do nosso património histórico irá perder-se. Os restauros da Igreja e das esculturas que dela fazem parte têm sido custeados, em grande parte, senão na totalidade, pela população da freguesia. Os vilelenses tentaram inclusive comprar a casa do mosteiro, mas o negócio não foi avante.
Entretanto o mosteiro vai tentando resistir à erosão do tempo e à inércia dos homens.

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