sexta-feira, 13 de março de 2009


Encontro em Poznan
«Daqui a um ano haverá um Encontro Europeu. Realizar-se-á numa cidade onde somos muito esperados e cujo acolhimento será caloroso. O Arcebispo desta cidade encontra-se esta noite aqui connosco. O próximo Encontro Europeu terá lugar entre 29 de Dezembro e 2 de Janeiro na Polónia, na cidade de Poznan.»
irmão Alois em Bruxelles, no final de 2008


Encontro Europeu de Poznan
Programa provisório
Passar cinco dias com dezenas de milhares de jovens de toda a Europa e de outros continentes…
…redescobrir a Igreja como fermento de comunhão na família humana.

Descobrir um povo e a sua cidade através de encontros pessoais…
…preparar um futuro de paz para além dos muros que nos separam.

Rezar juntos com cânticos e em silêncio…
…abrir-se à beleza de uma vida interior e de uma comunhão em Deus.

Ser acolhidos por jovens, famílias e paróquias de toda a região de Poznan…
…procurar um sentido para a vida e viver o Evangelho no meio dos desafios do nosso tempo.

Começar ou continuar uma «Peregrinação de Confiança» na própria vida…
Terça-feira 29 de Dezembro
De manhã: chegada aos diferentes locais de acolhimento no centro de Poznan. Cada um recebe o programa do Encontro, um passe para os transportes públicos, a senha para almoço e jantar no Parque de Exposições (MTP) e um mapa para poder ir à paróquia onde será acolhido. Depois há um acolhimento nas paróquias, onde cada um será enviado à sua família de acolhimento. Por volta das 17h30: jantar na MTP. Por volta das 19h: oração comunitária na MTP. Regresso às casas das famílias.
Quarta-feira 30 de Dezembro
8:30: Oração comunitária nas paróquias de acolhimento, seguida de encontros em pequenos grupos e com pessoas empenhadas na vida da paróquia ou do bairro. Por volta das 12h: almoço na MTP. Por volta das 13h: oração comunitária na MTP. À tarde: workshops à escolha na MTP e em diferentes lugares da cidade de Poznan, com temas sobre a vida interior, questões da sociedade, etc. Por volta das 17h30: jantar na MTP. Por volta das 19h: oração comunitária na MTP. Regresso às casas das famílias.
Quinta-feira 31 de Dezembro
Como na quarta-feira 30 de Dezembro e depois 23h: nas paróquias, oração pela paz seguida de uma «festa dos povos». Por volta das 2h da manhã: regresso às casas das famílias.
Sexta-feira 1 de Janeiro 2009
Participação nas celebrações das paróquias de acolhimento e depois almoço nas famílias de acolhimento. À tarde, na MTP e em diferentes lugares da cidade de Poznan: encontros por países. Por volta das 17h30: jantar na MTP. Por volta das 19h: oração comunitária na MTP. Regresso às casas das famílias.
Sábado 2 de Janeiro de 2010
8:30: Oração comunitária nas paróquias de acolhimento. A partir das 12h: partida.

terça-feira, 10 de março de 2009


Virgílio José Gaspar Pereira (1900-1965) nascido em Vilela, a 7 de Outubro. A Banda Musical de Vilela, a mais antiga Associação de Paredes, foi fundada por seu Pai, o Prof. António Gaspar Pereira. Funda o Orfeão Infantil do Porto, apenas com 19 anos, sendo, já nessa altura, prof. Primário e Director da Escola Anexa Normal do Porto. No seu percurso musical, fundou e dirigiu o Orfeão Castro Araújo, em Lordelo; Orfeão Oliveira Martins; Coro infantil do Porto; grupo coral Pequenas Cantoras de Portugal, mais conhecido como Pequenas Cantoras do Postigo do Sol; Foi Director do Orfeão do Porto (1951-1958); Teve a seu cargo o Conservatório, o Orfeão e o Coro Etnográfico da Covilhã. A par desta actividade, fez também trabalhos de recolha sobre o Cancioneiro no Interior do País. Foi agraciado com o Grau de Cavaleiro da Ordem da Instrução Pública.

- Padre João Mateus (1867-1955) nascido em Beire a 26 de Setembro, foi Abade de Vilela entre 1891 e 1955 e Vigário da Vara entre 1909 e 1955. Pelo muito bem que fez, pelas muitas saudades que deixou a todos quantos o conheceram, tem um busto erigido ao lado da Igreja do Mosteiro de Vilela. Dentre os vários milagres operados, em vida, conta-se que, estando um dia, um lavrador, a querer subir uma ladeira com um carro de bois carregado, por muito que o homem se esforsasse e batesse nos animais, a verdade que eles, coitados, por muito esforço que fizessem, caiam de joelhos, escorregavam e no conseguiam levar a sua tarefa a bom termo. Estando a passar nesse momento, o Padre João Mateus meteu pés ao caminho indo ter com o homem e os seus bois e, começando a falar com os animais vamos boisinhos, há que fazer o nosso trabalho; vamos que eu ajudo a verdade que os bois começaram a subir pela encosta escorregadia, com o Padre a seu lado, só parando lá no topo.

segunda-feira, 9 de março de 2009







sugestõespara o tempo quaresma




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Prepara Páscoa


Desde a antiguidade que a Quaresma foi sempre vivida como tempo muito intenso de preparação para a Páscoa, tendo a Igreja em mente especialmente duas categorias de pessoas: os catecúmenos, na sua preparação para o baptismo, na Vigília Pascal; e os penitentes, aqueles cristãos que, por causa de pecados graves, especialmente públicos, deviam reparar o mal feito e dar sinais de arrependimento e de mudança de vida, que se preparavam para a reconciliação com a Igreja e para o perdão, em cerimónia que se realizava na Quinta-feira Santa. Mas, em comunhão espiritual com eles, era toda a Igreja que se colocava em atitude de penitência, que se exprimia na oração, no jejum e na esmola, como forma de preparação para a Páscoa, onde o mistério da redenção, - que é a graça que o Senhor nos trouxe com a sua paixão, morte e ressurreição -, não dispensa, antes exige e pressupõe a colaboração do homem, portanto, uma disposição interior do coração que se manifesta exteriormente nesses exercícios quaresmais: a oração, o jejum, e a esmola. Estes exercícios quaresmais são a tradução e o alargamento para todos os cristãos das mesmas atitudes de Jesus nos quarenta dias que Ele passou no deserto, em oração e em jejum, imediatamente a seguir ao seu baptismo e como preparação para a Sua vida pública, quando, com palavras e gestos cheios de autoridade, anunciou e mostrou já presente o Reino de Deus. Por isso, a Quaresma inspira-se nessa Quaresma de Jesus, a qual, por sua vez, recapitula a Quaresma (quarenta anos) do Povo de Deus peregrinando pelo deserto, e a Quaresma de Elias (quarenta dias) pelo deserto a caminho do Monte de Deus. É muito importante que os católicos tomem consciência da importância deste tempo. Infelizmente hoje em dia, em que domina o que os antigos chamavam respeito humano, ou seja, aquela timidez ou acanhamento em manifestar publicamente a própria fé, o que hoje acontece sob uma outra etiqueta, do política e culturalmente correcto, do medo de ser acusado de fundamentalismo, no pressuposto da laicidade ou do laicismo do Estado e dos espaços públicos!... Ora é muito importante redescobrir e viver eu diria mesmo os rituais do tempo quaresmal, que nos convida ao jejum e à abstinência, à oração, à esmola, em suma, à penitência. Um sinal muito simples é respeitar a abstinência à sexta-feira (antigamente era mesmo jejum, às quartas, sextas e sábados, e até, durante todo o ano, antes de qualquer festa), quando não comer carne e optar por peixe significa uma atitude interior de quem procura viver não segundo a carne ou os critérios do mundo (segundo as belas expressões de S. Paulo e de S. João), mas segundo o pensamento de Deus e a sua lei. Um dia, e isto fora da Quaresma, fui numa sexta-feira almoçar a um restaurante com amigos. Eu pedi evidentemente peixe; e verifiquei que um grupo relativamente numeroso tinha provocado um certo pânico na cozinha, porque, por ser sexta-feira, tinha pedido peixe, em vez de carne. São coisas simples, que da simplicidade consiste a nossa existência, que precisa de sinais. O Santo Padre Bento XVI publicou no ano passado a sua obra Jesus de Nazaré, e ainda muito recentemente a sua segunda encíclica sobre a Esperança. Seria bom que, durante a Quaresma, lêssemos as suas meditações, que seria uma excelente companhia, para nos introduzirmos, com ele, no mistério de Jesus Cristo. S. Paulo tem uma frase que tudo sintetiza quando diz: Ele amou-me e entregou-se por mim (Gal 2, 20). E S. Francisco Xavier conta numa carta dirigida a Sto. Inácio o seu encontro com um nobre do Japão, do qual ficou amigo, o qual lhe perguntava: Mas tu deixaste o Colégio de Sta. Bárbara, em Paris, foste para Roma, de lá para Lisboa, de Lisboa para a Índia e até ao Japão, percorrendo milhares de milhas só para me dizeres que Deus me ama? Não há mais nada para me dizeres? Não há, respondeu o Santo! Pois que a Quaresma, vivida no espírito que a Igreja nos recomenda, seja este tempo oportuno de graça e de verdade, para descobrirmos e sentirmos quanto Deus nos ama, sendo sinal disso o mistério de Cristo, cujos passos da Paixão seguimos e meditamos nestes dias.José Jacinto Ferreira de Farias, scjJoseffarias@netcabo.pt











testemunhas de Cristo

Madre Teresa
O irmão Roger escreveu estas linhas em homenagem à Madre Teresa quando ela foi beatificada, em 2003.
Vivemos num mundo onde coexistem a luz e as trevas. Através da sua vida, a Madre Teresa convidava a escolher a luz. Ela abriu deste modo um caminho de santidade para muitas outras pessoas. A Madre Teresa tornou acessíveis estas palavras que Santo Agostinho escreveu, quatro séculos depois de Cristo: «Ama e di-lo com a tua vida». Antes de mais, é quando a confiança em Deus é vivida que ela se torna credível e se comunica.

Tive várias vezes a oportunidade de conversar com a Madre Teresa. Era possível, com frequência, discernir nela reflexos da santidade de Cristo. No Verão de 1976 a Madre Teresa visitou Taizé. A nossa colina estava cheia de jovens, vindos dos mais diversos países. Escrevemos juntos uma oração: «Ó Deus, Pai de cada ser humano, tu pedes a todos nós que levemos o amor aonde os pobres são humilhados, a reconciliação aonde os homens estão dilacerados, a alegria aonde a Igreja é abalada… Tu abres-nos este caminho para que sejamos fermentos de comunhão em toda a família humana.»

No mesmo ano, fui viver durante algum tempo, com alguns dos meus irmãos, entre os mais pobres de Calcutá. Ficámos instalados perto da casa da Madre Teresa, num bairro pobre, barulhento, repleto de crianças, em que a maioria da população era muçulmana. Fomos acolhidos por uma família cristã, cuja casa se encontrava numa encruzilhada de ruelas, pequenas lojas e modestas oficinas. A Madre Teresa vinha frequentemente rezar connosco. À tarde, por vezes pedia-me para a acompanhar nas visitas aos leprosos, que já só esperavam a morte. Ela procurava apaziguar as suas inquietudes.

Por vezes a Madre Teresa tomava iniciativas muito espontâneas. Um dia, quando regressávamos de uma visita aos leprosos, disse-me no carro: «Tenho um pedido a fazer-lhe. Diga-me que sim!» Antes de lhe responder, tentei saber do que se tratava, mas ela repetia: «Diga-me que sim!» Por fim explicou: «Diga-me que doravante trará o hábito branco durante todo o dia. É um sinal necessário nas situações do nosso tempo.» Eu respondi: «Está bem. Vou falar com os meus irmãos e sempre que possível porei o hábito.» Então pediu às suas irmãs para me fazerem um hábito branco e ela própria quis coser uma parte.

A Madre Teresa tinha uma atenção especial pelas crianças. Sugeriu-me que fosse todas as manhãs a uma casa para crianças que não tinham esperança de sobreviver, com um dos meus irmãos que é médico, para tratarmos das que estavam mais doentes. Desde o primeiro dia, reparei numa menina de quatro meses. Disseram-me que ela não teria forças para resistir aos vírus do Inverno. E a Madre Teresa disse-me: «Leve-a para Taizé. Lá ela poderá receber o tratamento de que precisa.»

No avião, durante a viagem de regresso a França, a criança, chamada Marie, não estava nada bem. Quando chegámos a Taizé, pela primeira vez ela começou a tagarelar como uma criança feliz. Nas primeiras semanas, dormia muitas vezes ao meu colo enquanto eu trabalhava. Depois, pouco a pouco, foi recuperando as forças. Foi então viver numa casa próxima da nossa. A minha irmã Geneviève, que anos antes tinha acolhido outras crianças em Taizé como se fossem seus filhos, recebeu-a em sua casa. Sou o seu padrinho de baptismo e tenho por ela um amor de pai.

Alguns anos mais tarde, a Madre Teresa voltou a Taizé num domingo de Outono. Durante uma oração, expressámos juntos uma preocupação que hoje permanece actual: «Em Calcutá há sítios visíveis onde as pessoas morrem, mas, em numerosos países, há muitos jovens que se encontram em sítios invisíveis onde as pessoas também morrem. Estão marcados por fracturas, por rupturas afectivas ou pela inquietação em relação ao seu futuro. Neles, a inocência da infância ou da adolescência foi ferida por situações de ruptura. Alguns deles, desanimados, questionam-se: Para quê viver? A vida ainda terá sentido?»

Com dois dos meus irmãos, fui a Calcutá para participar nas suas exéquias. Queríamos dar graças a Deus pela sua vida oferecida e cantar com as suas irmãs, em espírito de louvor. Junto do seu corpo, lembrava-me que tínhamos em comum esta certeza: a comunhão com Deus estimula a aliviar o sofrimento humano. Sim, quando ajudamos outras pessoas nas suas provações é Cristo que encontramos. Não é ele que nos diz: «O que fizerdes aos mais pequeninos é a mim, Cristo, que o fazeis»?

quarta-feira, 4 de março de 2009


São Josemaría Escrivá de Balaguer

Nascimento
9 de Janeiro de 1902 em Barbastro, Aragão, Espanha
Falecimento
26 de Junho de 1975 em Roma, Itália
Venerado pela
Igreja Católica
Beatificado
17 de maio de 1992., Vaticano por: Papa João Paulo II
Canonizado
6 de outubro de 2002, Vaticano por: Papa João Paulo II
Festa litúrgica
26 de Junho
"O trabalho não é apenas um dos mais altos valores humanos e um meio pelo qual os homens hão-de contribuir para o progresso da sociedade; é também um caminho de santificação."S. Josemaría Escrivá de Balaguer
Portal dos Santos

vila de Vilela


ELEVAÇÃO DA POVOAÇÃO DE VILELA, NO CONCELHO DE PAREDES, À CATEGORIA DE VILAI - Razões históricasDe Vilela chegam-nos notícias ainda antes da fundação da nacionalidade. Mas o seu povoamento é, sem dúvida, anterior a esses primeiros documentos escritos. Sugerem-nos esse facto topónimos como Aldarém, nome pessoal provavelmente germânico, ou Castro, que alude a uma civilização anterior ao domínio romano em Portugal.De início, seria uma terra muito pequenina. O próprio nome da freguesia comprova-o. Vilela significaria uma pequena «villa» agrária, ou, num sentido ainda mais redutor, uma pequena casa de campo.Com o aparecimento do Mosteiro de Santo Estevão de Vilela, com vastas propriedades nas terras em redor, tudo se alterou. Toda aquela região beneficiou de tão rica instituição, e assim progrediu na senda do crescimento.Essencialmente rural, Vilela é uma freguesia com um povoamento disperso. Nos últimos anos, no entanto, começa a sentir-se a sobreposição da indústria à agricultura. Do passado tradicional agrícola, marca hoje o ritmo da povoação a indústria de madeiras, do mobiliário, lacticínios e linho, bem como destilarias de aguardente vínica.Património histórico-cultural- Igreja MatrizConstruída no século XII e reconstruída em 1873 e 1990. Interiormente foi reparada em 1876 e 1878. É do antigo Mosteiro.Situa-se na encosta de um pequeno monte. Tem uma frontaria ladeada por duas torres com sinos e relógio, a igreja é de uma só nave. Tem guarda-vento, côro alto e muito espaçoso, altar-môr com um soberbo trono, retábulo de talha antiga dourada, dois altares ao lado do arco cruzeiro, também ambos com ricas decorações de talha antiga dourada e no corpo da igreja mais dois altares. Tem duas sacristias (uma que era primitiva dos frades e que pertence à fábrica, outra que é das confrarias do Santíssimo Sacramento e da Senhora do Rosário e das Almas).Nesta igreja há uma cruz / custódia de ouro.- Mosteiro de Santo EstevãoFoi fundado no século XI, pelo capitão D. Payo Guterres, que veio para Portugal com o conde D. Henrique.Foi reconstruído em meados do século XVI e novamente em finais do mesmo século por D. Gaspar dos Reis. No começo do século XII (1118) estava na posse dos Cónegos Regrantes de S. Agostinho, sendo o seu prior Afonso Pais. Pouco tempo depois, em 1128, a Rainha D. Teresa coutou o Mosteiro, pelo estatuto que já aí tinha adquirido, e concedeu-lhe ainda maiores privilégios.O convento não tem belezas arquitectónicas, sendo dignas de menção a sua ampla escadaria e a sacada da sala que, em 1886, era sala de visitas. Deste Mosteiro, destaca-se o brasão que encima o portal barroco. O brasão foi colocado pelo Dr. António Emílio Correia de Sá Brandão (digníssimo Juiz do Supremo Tribunal) no século XVI.- Capela de Nossa Senhora da SaúdeSito no Monte do Seixoso. Foi construída no século XV e teve uma reconstrução no século XIX (1873).Está edificada sobre rocha de Quartzo. Tem altar-môr com retábulo de talha dourada, arco cruzeiro, púlpito com grades de ferro, côro, sacristia.- Capela ou Ermida de Santo AntónioFoi construída por volta do ano de 1903.Está localizada dentro do cemitério paroquial. É uma capela muito pequena e singela.- Capela ou Ermida do Senhor dos PassosEstá unida à igreja desde 1878.- Capela de S. JoséFoi construída entre 1960 e 1970.- CruzeiroSolares- Solar de VarzielaTem casa brasonada e capela contígua. Era de João Leite da Gama, moço fidalgo da casa real. Depois, passou para a posse de José Jorge da Costa, morador na freguesia de Agrela do concelho de Santo Tirso.- Solar do PenedoÉ a casa mais antiga da freguesia. Era de José Narciso Carneiro Leão e irmãos.Esta casa foi riquíssima, mas dela, resta hoje uma casa velha, degradada e os vestígios de uma capela com portão em latão.II - Breve caracterização geográfica e demográficaEstando situada a norte do concelho, Vilela abrange uma área de 3,79 km2.Confronta com as freguesias de Duas Igrejas e Sobrosa e com as vilas de Lordelo e Rebordosa.Demograficamente, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística, Vilela registou um aumento de 27,7% na taxa de variação. Em 1991 contabilizava 3906 habitantes e, de acordo com os Censos de 2001, este número evoluiu para 5066 pessoas. Neste momento, os eleitores recenseados são 3430.III - Actividade económicaDe passado tradicionalmente agrícola, começa hoje a sentir-se a sobreposição da indústria à agricultura, sendo a indústria de madeiras e do mobiliário as predominantes.Devido ao aumento populacional o sector terciário tem vindo a expandir-se, devendo-se realçar os estabelecimentos de pequeno comércio de papelaria, pronto-a-vestir, fotógrafo, florista, supermercados e mini-mercados, oficinas de reparação automóvel, cabeleireiros e comércio de combustíveis.Na prestação de serviços destaque para a existência de clínica médico-dentária, agência de seguros e escritório de contabilidade. Na área da saúde, a freguesia pode contar com um Núcleo da Cruz Vermelha Portuguesa, bem como com consultórios médicos particulares. O Centro de Saúde fica situado muito próximo do limite geográfico de Vilela.IV - Equipamentos e actividade social e culturalO crescimento económico e populacional desta freguesia é acompanhado por um considerável dinamismo sócio-cultural e desportivo.O movimento associativo é rico e variado, existindo diversas colectividades de natureza cultural, recreativa e desportiva.São de destacar, na área cultural , o Rancho Sr.ª da Hora de Vilela, fundado em Março de 1985, composto por mais de 40 elementos, e que ao longo da sua existência tem participado em festas e romarias um pouco por todo o País e a Associação Recreativa e Musical de Vilela, com a Banda de Música.Os grupos de jovens da freguesia de Vilela, em perfeita organização, assumem, igualmente, um papel de destaque na dinamização sócio cultural da comunidade, desenvolvendo diversas actividades participadas por toda a população.O Centro Paroquial dispõe de uma sala de espectáculos de boas dimensões e de qualidade para qualquer realização cultural.De assinalar, ainda, a existência de um Grupo de Zés Pereiras e de um Agrupamento de Escuteiros, que em muito contribuem para a animação cultural da freguesia.Ao nível da acção social e solidariedade, Vilela conta com o Centro Social e Paroquial de Santo Estevão, que é um centro de intervenção comunitária a funcionar com um acordo com o Centro Regional de Segurança Social e que presta apoio à terceira idade, através de um Centro de Dia e Apoio Domiciliário.Relativamente à educação, Vilela possui, na sua área geográfica, dois estabelecimentos de ensino pré-escolar da rede pública, abrangendo, aproximadamente, 100 crianças; três escolas do 1.º ciclo do ensino básico, abrangendo cerca de 500 alunos; e uma escola secundária, cujo número de alunos no ano lectivo 2000/2001 atingiu os 600.Atendendo a que a povoação de Vilela reúne os requisitos previstos na Lei n.º 11/82, de 2 de Junho, e ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, os Deputados abaixo assinados apresentam o seguinte projecto de lei:Artigo únicoA povoação de Vilela, no concelho de Paredes, é elevada à categoria de vila.

domingo, 1 de março de 2009

Mosteiro de St.º Estevão
Portugal é um país de História e de «estórias». Mas alguma da sua História fica esquecida no tempo, perdida nas memórias e nas lendas. O Mosteiro de Santo Estevão de Vilela é um monumento milenar, património nacional, que tem sido esquecido.

D. Henrique terá concedido terras a D. Paio Guterres na região onde é actualmente o concelho de Paredes. D. Paio terá sido o fundador deste mosteiro que remonta aos primórdios do condado portucalense. Não é conhecida a data exacta da sua fundação, mas terá sido por volta do ano 1000, uma vez que existe notação do mosteiro desde 1030. Era habitado por Cónegos Regrantes desde 1118 e acarinhado com diversas doações, de destaque uma da Rainha D. Teresa, que em 1128 coutou o mosteiro e lhe fez uma avultada doação. No final do século XVI uniu-se à Congregação de Santa Cruz de Coimbra, e em 1612 ao Convento da Serra do Pilar. O mosteiro terá atravessado diversas crises, mas foi ultrapassando as dificuldades até à primeira metade do século XIX, época em que a ordem religiosa aí existente foi extinta.
O monumento é uma mescla de estilos arquitectónicos, que espelham as modificações que o mosteiro foi sofrendo ao longo da História. É constituído por uma Igreja e pela casa do mosteiro. A Igreja data de 1783. É um edifício inspirado na arquitectura da Igreja de Moreira da Maia. Terá existido, no lugar desta Igreja, uma outra de estilo românico, segundo Pedro Ferraz, habitante da região. Na realidade, por trás da Igreja há uma parede esculpida que terá sido construída com as pedras dessa Igreja românica, e, num campo atrás da casa do mosteiro, há uma pedra que terá pertencido a um antigo cruzeiro.
As poucas informações obtidas acerca do mosteiro e da sua arquitectura, devem-se, em parte, a documentos escritos, uma vez que é impossível visitar o mosteiro (ainda que seja com intuito jornalístico). A casa do mosteiro pertence a privados, a brasileiros que a utilizam como casa de férias e que não autorizam que ninguém entre na sua propriedade. Enquanto que a Igreja, que é Igreja matriz de Vilela, se encontra restaurada e em bom estado, a casa do mosteiro, muito mais antiga e com maior valor histórico, encontra-se em elevado estado de degradação. Se nada for feito urgentemente por este mosteiro uma parte significativa do nosso património histórico irá perder-se. Os restauros da Igreja e das esculturas que dela fazem parte têm sido custeados, em grande parte, senão na totalidade, pela população da freguesia. Os vilelenses tentaram inclusive comprar a casa do mosteiro, mas o negócio não foi avante.
Entretanto o mosteiro vai tentando resistir à erosão do tempo e à inércia dos homens.
Igreja de Santo Estevão
A Igreja que faz parte do Mosteiro de Santo Estevão de Vilela, mas não é a igreja original do mosteiro. Foi construída em 1783 e é um misto de características arquitectónicas setecentistas e de estilo Nazoni.

Sobre o janelão tem um nicho com uma imagem de Santo Agostinho, e granito. Esta Igreja é bastante simples, tem uma só nave e uma capela-mor de menores dimensões. A cobertura é em abóbada de berço semi-circular, dividida em caixotões quadrados. No cimo da capela-mor, existe um retábulo de talha neoclássica, a lembrar o rococó, e em outros retábulos e nas talhas em redor do sacrário há alguns vestígios de talha deste estilo. Existem vestígios de adaptações de talhas anteriores, nomeadamente em três frontais provavelmente do século XVIII. Os altares de Nossa Senhora do Rosário e do Senhor Crucificado tê vestígios de talha neoclássica.
As esculturas da Igreja são também testemunho da sua milenar existência. A obra mais antiga é provavelmente a escultura, em calcário, de Nossa Senhora da Hora, que será de meados do século XV. Num dos retábulos laterais encontra-se a Nossa Senhora do Rosário, um escultura demérito, inclusive pela bela coroa que possui e pela talha dourada da penha que a sustenta. O outro retábulo colateral ostenta uma escultura de Cristo Ressuscitado e junto a este à a representação da Senhora de ao Pé da Cruz. Do século XVIII, a obra mais recente da Igreja, é a escultura de Santo Estêvão, que se encontra de um dos lados do altar-mor. Duas significativas obras de escultura, nesta Igreja, são duas imagens, uma de Santo Agostinho e outra de Santo Estevão. São impressionantes pela sua modernidade, no realismo das proporções corpóreas e do desenho do vestuário.
Esta é uma Igreja que possui simultaneamente um estilo simples e sóbrio na sua arquitectura, e um carácter complexo e floreado nas esculturas e talhas que a adornam.
Caminhar com São Paulo
A Comunidade na (uni)diversidade
(1Cor 12-13; 1Cor 12,12-30)

Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança e que domine sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos, todas as feras e todos os répteis que rastejam sobre a terra. “Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus os criou, homem e mulher os criou - Gn 1,26-27. Pois “Deus disse: não é bom que o homem esteja só. Vou fazer uma auxiliar que lhe corresponda.” Gn 2,18. “Então o homem exclamou: Esta sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será chamada de mulher porque foi tirada do homem!” Gn 2,23.
Homem e mulher foram criados por Deus, e criados com igual dignidade, iguais em direitos, ambos colaboradores de Deus na obra da Criação, cada qual com missão própria na missão lhes é confiada por Deus no “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a;” Gn 1,28.
Iguais e diferentes – iguais em dignidade de filhos de Deus, diferentes, complementares na sua missão, na sua presença no mundo.
Como diferentes serão entre si os homens, e entre si as mulheres, sem perderem dignidade, embora com diferentes talentos, diferentes carismas, que Deus lhes concedeu e que terão de pôr a render, e não os enterrar, com medo de os perder.
Cada homem, cada mulher é chamado a trabalhar na seara com todas as suas energias, para a fazer crescer, desenvolvendo uma missão, uma tarefa especifica, pessoal, sem deixar de ser comunitária, que é a sua para o crescimento do Reino de Deus.
“Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo; diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo, diversos modos de acção, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. Cada um recebe o dom de manifestar o Espírito para utilidade de todos. A um o Espírito dá a mensagem de sabedoria, a outro, a palavra de ciência segundo o mesmo Espírito; a outro o mesmo Espírito dá a fé; a outro ainda o único e mesmo Espírito concede o dom das curas; a outro, o poder dos espíritos, a outro, o dom de falar em línguas, a outro ainda, o dom de as interpretar. Mas é o único e mesmo Espírito que isso tudo realiza, distribuído a cada um os seus dons, conforme lhe apraz.” 1 Cor 12, 4-11
Numa comunidade, em particular numa comunidade paroquial são visíveis irmãos com carismas diferentes, que se por um lado enriquecem a comunidade, por outro lado a tornam campo de acção dos diferentes carismas para o crescimento do Reino de Deus.
A uns o Espírito concedeu dons que os tornam mais disponíveis para serem iniciadores das verdades da Fé aos vários grupos etários, ou mesmo no apoio que prestam ao crescimento na Fé a quem já fez uma caminhada mais ou menos longa que integram grupos do sector profético – catequistas, casais que se preocupam com os pais e padrinhos das crianças que vão ser baptizadas, ou com os noivos.
A outros o Espírito concedeu maiores dons para o serviço – acólitos, leitores, cantores, directores das assembleias eucarísticas ou orientadores de tempos de oração, que os levam a integrar grupos do sector litúrgico. Não esquecendo aquelas que pela sua habilidade e bom gosto tornam os espaços celebrativos, espaços agradáveis e belos com os arranjos com que enfeitam os altares.
“Agora, portanto, permanecem fé esperança, caridade, estas três coisas. A maior delas é a caridade.” 1 Cor 13,13
S. Paulo considera a caridade a maior das três virtudes. O cristão vive em caridade e para a caridade, como pessoa e integrado na comunidade, e como tal a comunidade tem de viver a caridade, e uma das formas de a comunidade viver a caridade é dedicando-se aqueles que por algum motivo se encontram em dificuldades, materiais ou espirituais. A comunidade integra pessoas generosas que dedicam muito do seu tempo no apoio que prestam aos carenciados, aos doentes – estão em grupos que integram o sector comunitário. Este sector não se esgota nestes grupos pois as necessidades da comunidade também passam pela concretização de espaços onde as pessoas se encontrem informalmente num clima de sã alegria e convívio (almoços, jantares, passeios, visitas) A generosidade também se pode expressar pelo tempo gasto em actividades através das quais seja possível a obtenção de meios financeiros necessários para a concretização de projectos em que a paróquia se envolva.
Uma comunidade, em particular uma comunidade paroquial não é apenas e só, um conjunto de pessoas. Para ser considerada uma comunidade o conjunto de pessoas deve possuir um conjunto de atributos, entre os quais haver laços, objectivos comuns, relações de solidariedade, de dependência, de complementaridade tão sólidos que tenham como imagem as ligações físicas entre objectos, ou melhor as ligações entre os vários órgãos do corpo humano. E uma comunidade cristã estas relações estabelecidas na horizontal devem orientar-se para a vertical isto é numa ligação permanente com Jesus Cristo. Esta imagem leva S. Paulo a escrever: “Pois como o corpo é um só e tem muitos membros e todos os membros do corpo, sendo muitos, são um só corpo, assim também Cristo. De facto, num só Espírito, fomos todos baptizados para um só corpo, quer judeus quer gregos, quer escravos quer livres, e todos bebemos de um só Espírito. Pois também o corpo não é um só membro, mas são muitos. Se o pé dissesse: “Uma vez que não sou mão, não faço parte do corpo”, não deixaria por isso de pertencer ao corpo. E se o ouvido dissesse: “Uma vez que não sou olho, não faço parte do corpo. Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo ele ouvido, onde estaria o olfacto?” 1 Cor 12, 12-17
Nesta passagem S. Paulo realça a interdependência, complementariedade e solidariedade entre os vários elementos do corpo (comunidade)
Os vários elementos não têm vida própria se desintegrados do corpo
A celebração da fé é realizada em comunidade, sem esquecer a oração pessoal, feita no silêncio do quarto”. Na celebração comunitária da Fé muitas são as funções que serão desenvolvidas por elementos da comunidade cada um com os seus carismas desde o presidente a quem de forma humilde faz a recolha das ofertas.
Na atenção que dermos aos mais necessitados e sem esquecer “que a tua mão esquerda não saiba o que faz a mão direita” não poderá deixar de haver quem tenha o carisma da dedicação humilde e amorosa aos mais necessitados da comunidade, porque estes também fazem parte da comunidade não marginais nem podem ser marginalizados.
Se a divulgação da Boa Nova é uma obrigação de todo o cristão “Ai de mim se não prego o Evangelho” através da palavra que terá de ter como espelho a própria vida, cabe à comunidade, no seu todo, criar condições para que essa palavra possa ser proclamada às crianças, jovens e a adultos. Muitos jovens e adultos dedicam, com generosidade, muito do seu tempo, e com dedicação à tarefa de instruir na fé os vários grupos etários.
A comunidade através de alguns dos seus elementos entrega-se com gosto, com amor com dedicação ao serviço dos irmãos através dos dons que Deus concede a cada um.
Há talentos que são postos a render não só na formação espiritual daqueles a quem se destinam essas acções, mas também ao crescimento humano de crianças e jovens (escutas) e no apoio a “amigos especiais” e aos seus familiares.
A amizade entre os elementos de um grupo - humano só se desenvolve através de contactos pessoais, quer informais, não organizados, mas também através de encontros programados com tal objectivo - ceia de Natal, passagem de ano, festa de Carnaval, dia da Paróquia, magusto, a própria peregrinação também terá este objectivo, embora secundário, não esquecendo os jantares e almoços promovidos para obtenção de meios financeiros extraordinários, só possíveis através do trabalho dedicado de muitos a quem Deus concedeu dons que lhes concedem fazer um bom trabalho.
As visitas culturais permitem um espaço de conhecimento inter-pessoal e ainda o contacto com bens culturais, quer religiosos (cristãos ou não) ou profanos.
Numa comunidade paroquial convivem cristãos de muitos estratos sociais, de vários níveis culturais, de várias origens étnicas e todos devem ser acolhidos e também acolhedores, e onde não pode haver acepção de pessoas.
Numa comunidade por muitos elementos activos que participem corresponsavelmente na vida da paróquia serão sempre poucos: “A seara é grande e os trabalhadores são poucos. Pedi ao Senhor da seara que mande mais trabalhadores para a seara”
Quaresma: voltarmo-nos para Deus
«Caminhando no deserto», tríptico do irmão Sylvain, de Taizé
A Quaresma orienta o nosso pensamento, em primeiro lugar, para a imagem do deserto, aquele onde Jesus viveu quarenta dias de solidão ou aquele que o povo de Deus atravessou, caminhando durante quarenta anos. E, no entanto, quando chegavam estas semanas que precedem a Páscoa, o irmão Roger gostava de lembrar que esse não era um tempo de austeridade ou de tristeza, nem um período para alimentar a culpabilidade, mas sim um momento para cantar a alegria do perdão. Ele via a Quaresma como quarenta dias para nos prepararmos para redescobrir pequenas primaveras nas nossas vidas.
No início do Evangelho de São Mateus, quando João Baptista proclama «arrependei-vos!», ele quer dizer «voltai-vos para Deus!» Sim, durante a Quaresma, gostaríamos de voltar-nos para Deus para acolher o seu perdão. Cristo venceu o mal, e o seu perdão constante permite-nos renovar uma vida interior. É a uma conversão que somos chamados: não a voltarmo-nos para nós próprios numa introspecção ou num perfeccionismo individual, mas a procurar uma comunhão com Deus e também uma comunhão com os outros.
Voltarmo-nos para Deus! É verdade que, no mundo ocidental, tornou-se difícil, para algumas pessoas, acreditar em Deus. Elas vêem a existência de Deus como um limite à sua liberdade. Pensam que devem lutar sozinhas para construir a sua vida. Parece-lhes inconcebível que Deus os acompanhe.
No ano passado, fui visitar os nossos irmãos que vivem na Coreia há trinta anos. Durante o caminho, acompanhado por outro irmão, estive em encontros de jovens em vários países asiáticos. O que me marcou na Ásia foi o facto de a oração parecer natural. Nas diferentes religiões, as pessoas têm espontaneamente na oração uma atitude de respeito, ou mesmo de adoração.
Certamente, nestas sociedades não há menos tensões ou violências do que no Ocidente. Mas um sentido de interioridade é talvez mais acessível, um respeito perante o milagre da vida, pela criação, uma atenção ao mistério, a algo que vai para além do que podemos ver.
Como renovar uma vida interior descobrindo e voltando sempre de novo a descobrir uma relação pessoal com Deus? Há em todos nós uma sede de infinito. Deus criou-nos com este desejo de um absoluto. Deixemos viver em nós esta aspiração!
Entre os cânticos de Taizé, um deles expressa esta espera. A letra é de um poeta espanhol, Luis Rosales, inspirado por São João da Cruz: «De noite iremos e, para encontrar a fonte, só a sede nos ilumina.» Para algumas pessoas, o tempo da Quaresma é tempo de jejum. Não que a ascese tenha um valor por si própria, mas há em cada pessoa uma espera mais profunda do que as esperas superficiais, uma sede mais essencial. E essa sede pode iluminar o nosso caminho.
Se, por vezes, caminhamos de noite ou se atravessamos como que um deserto, não é para seguirmos um ideal. Seguimos uma pessoa: Cristo. Não estamos sozinhos, ele vai à nossa frente. Segui-lo implica um combate interior, com decisões a tomar, com fidelidades de toda uma vida. Neste combate, não nos apoiamos sobre as nossas próprias forças, mas abandonamo-nos à sua presença. O caminho não está traçado de antemão, implica também acolher surpresas, criar com o inesperado.
Deus não se cansa de retomar o caminho connosco. Podemos acreditar que uma comunhão com ele é possível e assim nunca nos cansamos de, também nós, retomar sempre de novo o combate. Não perseveramos para nos apresentarmos diante de Deus com o nosso melhor aspecto. Não, aceitamos avançar como pobres do Evangelho, que se confiam à misericórdia de Deus.
A Quaresma é um tempo que nos convida à partilha. Leva-nos a pressentir que não nos sentiremos realizados se não consentirmos a renúncias. Renúncias feitas por amor. Quando, noutra ocasião, Jesus se encontrava no deserto, cheio de compaixão por aqueles que o tinham seguido, multiplica cinco pães e dois peixes para alimentar cada pessoa. Que sinais de partilha podemos nós realizar?
O Evangelho valoriza a simplicidade de vida. Chama-nos a dominar os nossos próprios desejos para nos conseguirmos limitar, não por constrangimento mas por escolha. Este apelo é hoje muito actual, não somente em termos pessoais, mas na vida das nossas sociedades. A simplicidade escolhida livremente permite que os mais favorecidos resistam à corrida ao supérfluo e contribui à luta contra a pobreza imposta aos mais deserdados.
Durante este tempo da Quaresma, ousemos rever o nosso estilo de vida. Não para dar má consciência àqueles que não o fazem, mas com o propósito de sermos solidários com os mais desamparados. O Evangelho incentiva-nos a partilhar livremente, dispondo das coisas com beleza simples da criação.
O jornal francês «La Croix» pediu ao irmão Alois para escrever, ao longo do ano 2008-2009, uma meditação para cada grande celebração cristã.

PE. Paulo Pinto

Pároco de Vilela